O desafio de Suas declarações
Texto: “Respondram eles: Jamais alguém falou como este homem” (Jo. 7:46).
Introdução
A lição desta semana trata de algumas declarações inquietantes de Jesus, pois se chocam diretamente com aquilo que é considerado normal. Suas palavras, cuidadosamente colocadas, eram de aplicação específica para a situação em questão, mas, também, estendida a valores, princípios e tempo.
Suas declarações sobre como tratar os inimigos e pecadores, sobre os que herdarão o reino de Deus, sobre os que são felizes e outras mais, fogem a qualquer expectativa humana, abalando os alicerces de nossa razão lógica e levando-nos à um mais profundo conhecimento do que realmente o Senhor espera de cada um de Seus filhos.
Casamento e Celibato
“É lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo?” (Mat. 19:3).
Havia uma divisão entre os rabinos judeus em relação à interpretação da lei de Deut.24:1. De um lado estavam os seguidores do rabino Shammai que eram muito precisos e permitiam o divórcio somente em caso de adultério (conservadores); do outro lado estavam os seguidores de Hillel que permitiam o divórcio por vários motivos, inclusive por alguns de pouca importância.
Nos dias de Cristo o matrimônio parecia ter perdido o seu significado e santidade. Diante de tal pergunta Cristo exalta a importância do matrimônio como instituição divina (“O que Deus ajuntou não o separe o homem” Mat. 19:6) bem como destaca que novo casamento somente mediante adultério.
O repúdio (rejeição, abandono, desprezo, ato pelo qual o marido expulsa a esposa do domicílio conjugal) era uma prática autorizada somente no caso da descoberta, no leito de núpcias, de que a noiva não era “pura” como dizia ser. Neste caso a moça não era apenas repudiada pelo seu marido, mas também pela sociedade. No entanto, se, porventura, um homem repudiasse a sua mulher por outro motivo qualquer deveria dar-lhe carta de divórcio (Mat.5:31), pois esta a dignificava diante da sociedade e não era por ela repudiada também, mas, mesmo com carta de divórcio, o casal não pode contrair nova núpcias. Sendo assim, aquele que se casar com a repudiada ou com aquele que a repudiou comete adultério. Em outras palavras Cristo estava dizendo que se porventura, por motivos que não seja o adultério, um casal vier a separar-se, tenha consciência que deverão passar o resto da vida sozinho, pois se não o fizer, estará cometendo adultério e, portanto, sob a sentença da lei.
Diante dessa argumentação, os discípulos introduziram a questão do celibato, dizendo que, dessa forma, era melhor não se casar. Nunca foi da vontade de Deus que o homem vivesse só. O Homem foi criado com a necessidade de companhia emocional e física. Deus o fez assim. Viver só pode ser uma questão de opção, mas, na argumentação de Cristo, somente mediante a impossibilidade física do casamento, ou seja, ser eunuco de nascença, sentença ou acidental.
Com esse argumento, Cristo procura mostrar que se os cônjuges, por mais “motivos” que tenham para se separar que não seja o adultério, não conseguem ficar sozinhos o resto da vida, então busquem a reconciliação e não se separem, pois virão a adulterar e estar sob a sentença da lei.
Perdão
O ensino de Cristo sobre o perdão é uma questão simples de se analisar, porém difícil de viver. Perdoar alguém de nossa intimidade por pequenas ofensas pode parecer fácil. Dizer que pessoas, fora de nossa intimidade e relacionamento, devem perdoar as mais cruéis ofensas e barbáries, também pode parecer fácil. Mas quando as mais adversas situações dizem respeito a nós, nossa família e as pessoas que amamos, com certeza se torna mais difícil viver os ensinamentos de Cristo acerca do perdão.
Perdoar setenta vezes sete uma pessoa implica em perdoá-la sempre, independentemente da ofensa realizada. Agora cabe a nós fazer uma avaliação da dimensão do perdão divino e do perdão que de nós é requerido. Estude situações, colocando-se no lugar do ofendido ou agredido e questione-se sobre sua capacidade de oferecer o perdão. Eis algumas situações para reflexão:
1. Assassinato de Isabela Nardoni supostamente realizado pelo pai e madrasta.
2. Pai que, para silenciar um filho de poucos meses, espanca-o até a morte.
Riqueza e liberalidade
Jesus solicitou a um jovem que vendesse todos os seus bens, desse aos pobres e O seguisse. A pergunta é: devemos fazer o mesmo?
Jesus nunca condenou a riqueza e sim nossa relação com ela. Em seus ensinos Cristo defendeu basicamente dois princípios relacionados à riqueza e liberalidade. São eles:
1. A riqueza não deve ocupar o primeiro lugar em nosso coração. Esse lugar pertence a Deus – “...buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mat. 6:33).
2. A igualdade social.
Diante desses dois princípios podemos afirmar que:
1. Se Cristo está em primeiro lugar e dispomos de recursos financeiros, os empregaremos em Seu serviço.
2. Tendo o mesmo sentimento de Cristo, anunciando Sua mensagem de amor, não passaremos de largo pelos pobres e sofredores sem estender-lhes a mão em auxílio.
Perfeição
“Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mat. 5:48).
Esta declaração, dentro do seu contexto, esta relacionada, primariamente, com a misericórdia como amar os inimigos, orar pelos perseguidores, ou seja ter o mesmo sentimento de amor para com o próximo que Cristo teve.
No entanto, não podemos limitar esta declaração apenas a este aspecto, minimizando nosso dever de em Cristo buscarmos a perfeição de caráter. “As Escrituras nos ensinam a buscar santificar corpo, alma e espírito a Deus. Nesta obra, devemos ser coobreiros de Deus. Muito se pode fazer para restaurar a imagem moral de Deus no homem, para melhorar as faculdades físicas, mentais e morais.” (EGW. Mens. Escolhida, vol.2, p.32). Não queremos dizer com isso que por nós mesmos podemos chegar a perfeição, mas sim que devemos buscar a perfeição, e esta é uma obra de Deus em nós.
“Ora, Àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o Seu poder que opera em nós. Efés. 3:20.
Se fizerdes de Deus a vossa força, podereis, sob as circunstâncias mais desalentadoras, atingir uma altura e amplidão de perfeição cristã que quase não considerais possível alcançar. Vossos pensamentos poderão ser elevados, podereis ter nobres aspirações, claras percepções da verdade e propósitos de ação que vos erguerão acima de todos os motivos sórdidos.” (EGW. MM, 1977, p.224)
“Irmãos, não sejais mais servos indolentes. Toda alma tem de lutar com a inclinação. Cristo não veio salvar os homens em seus pecados, mas de seus pecados. Ele tornou possível que tenhamos um caráter santo; não vos contenteis, portanto, com defeitos e imperfeições. Embora devamos buscar diligentemente a perfeição de caráter, precisamos lembrar-nos, porém, de que a santificação não é a obra de um momento, mas de toda a vida. Paulo disse: "Dia após dia, morro!" I Cor. 15:31. A obra de vencer deve prosseguir dia a dia. Cada dia temos de resistir à tentação e obter a vitória sobre o egoísmo em todas as suas formas.
Dia a dia devemos acalentar amor e humildade, e cultivar em nós mesmos todas as excelências de caráter que agradarão a Deus e nos adaptarão para a ditosa sociedade do Céu. A todos os que procuram realizar esta obra, a promessa é muito preciosa: "O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do livro da vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de Meu Pai e diante dos Seus anjos." Apoc. 3:5. (EGW. Historical Sketches, p. 181).
Lembre-se: “Nela [na Cidade Santa], nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada…” Apo. 21:27.
Família
Algumas declarações de Cristo frente à sua família parecem indicar algum tipo de desprezo. No entanto Cristo sempre valorizou a família, defendeu sua santidade e colocou em sua própria lei o dever de todo filho honrar o seu pai e sua mãe.
No entanto, assim como com relação à riqueza e liberalidade, Deus deve estar acima da própria família. Assim sendo, em algumas ocasiões, por causa do amor e compromisso com Deus, pode haver indisposições, traições e separações familiares.
A ênfase está na importância de colocar a Deus em primeiro lugar e não em rejeitar a família.
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